Na manhã de Domingo, 27 de outubro de 2013, em Long Island,
Nova York, nos EUA, faleceu Lewis Allan “Lou” Reed, aos 71 anos de idade.
Segundo informações de seu agente, Andrew Wylie, Lou Reed faleceu em sua casa, em
decorrência de problemas relacionados ao fígado. O cantor havia realizado um
transplante de fígado, em maio do mesmo ano, e não se sentia bem “há alguns meses”.
Reed já havia assumido o uso frequente de álcool e drogas por muitos anos.
Cancelou cinco shows de sua turnê para fazer o transplante de fígado e chegou a
escrever em seu site, dia 1º de junho: “Eu sou um triunfo da medicina moderna”.
Lou Reed, ex-líder da banda “Velvet Underground”, uma das referências da música alternativa,
precursor do punk rock. Inspirou diversas gerações por quase 50 anos, influenciou
muitos músicos, especialmente no surgimento do punk de Nova York, nos anos 70.
É, sem sombra alguma de dúvida, uma enorme referência no mundo da música. Traçou
uma brilhante carreira que grande influência exerceu no rock, em todo o mundo.
Segundo definição da revista americana Rolling Stone, Lou
Reed foi “um compositor e guitarrista altamente influente que ajudou a dar
forma a 50 anos de rock. O punk não teria sido o mesmo sem Lou Reed, que sempre
surpreendeu e desafiou os fãs.”
Nascido em 12 de março de 1942, no Brookliyn, em Nova York,
EUA, cresceu na região de Long Island. Lewis Allan Lou Reed, mais conhecido no
meio artístico como Lou Reed, de família de origem judaica, aprendeu a tocar
guitarra ouvindo rádio ainda na década de 1950, quando estava no colegial. Após
deixar o colégio e a casa dos pais, vai para a Universidade de Syracuse, onde
cursou jornalismo. Na ocasião, passa a apresentar um programa de rádio, que
tocava doo wop, rhythm and blues e jazz, gosto musical que definiria as
técnicas de guitarra desenvolvidas por Reed. Em 1964 forma-se e inicia sua
carreira artística.
Durante um curto período, trabalhou em uma pequena gravadora
de Nova York, como compositor da Pickwick Records. É apresentado a John Cale,
um músico galês, que mudara-se para Manhattan, a fim de aprender música
clássica. Cale impressiona-se com a música composta por Reed, em que ele havia
afinado todas as cordas da guitarra na mesma nota. Uma forte amizade surge entre
os dois, passam a dividir uma casa em Manhattan e iniciam um processo criativo.
E em meados dos anos 60, Lou Reed, juntamente com John Cale, Steling Morrison e
Maureen Tucker, foi o fundador de um dos mais influentes grupos de rock dos
anos 70, o The Velvet Underground, grupo
com quem lançou cinco discos de estúdio.
A banda de rock chamou a atenção do artista plástico Andy
Warhol, um dos grandes nomes da vanguarda artística novaiorquina, que se tornou
amigo de Lou Reed. O pintor financiava outros campos artísticos, como a música
e o cinema. No caso específico da música, Andy financiou artistas como Lou Reed
e Nico, e todo o grupo, fundindo rock de vanguarda com a Pop Art. Apesar de financiador
do grupo, Andy não chegou a interferir na proposta artística do grupo, nem nas letras
das músicas, ou mesmo na temática destas. Mas uma de suas imposições exerceu
forte influência num episódio importante da história do grupo. Mesmo a contragosto
de alguns membros da banda, Andy impôs a condição de Nico, cantora e modelo
alemã, ser a vocalista do álbum de estreia do grupo. Como forma de contestação,
o nome do grupo, no primeiro álbum, gravado em 1966, e lançado um ano depois,
foi “The Velvet Underground & Nico”,
uma forma de demonstrar, de certa forma, que ela não fazia parte da banda, que
era uma convidada.
Andy teve uma participação importante na produção do disco da
banda. Além de coprodutor, o artista foi
o designer da famosa imagem da banana na capa do primeiro álbum do grupo, o de 1967.
“All tomorrow’s parties” e “Sunday morning” foram singles. O disco não foi um sucesso comercial na época.
Estreiou apenas na 171ª posição das paradas. O experimentalismo do som, pouco
comercial para a época, e as composições vanguardistas para os padrões da
época, com letras que falavam abertamente de drogas, sadomasoquismo, ocultismo e
o submundo de Nova York, contribuíram para o parco sucesso das vendas.
Hoje, porém, a revista americana Rolling Stone, considera o “The
Velvet Underground and Nico”, de 1967, o 13º lugar na lista dos 500 melhores
álbuns de todos os tempos. O disco é até hoje, uma das obras fundamentais do
rock, um dos registros mais importantes da música, e tornou-se um marco na
história da música mundial.
Logo após o lançamento, em 1968, do álbum, o “White
Ligth/White Heat”, mais experimental, barulhento que o primeiro, tendo as
faixas mais importantes “Sister ray”, de 17 minutos, em que Reed canta sobre
drag queens e orgias, a banda se desligaria de Nico e de Andy Warhol. No disco
seguinte, John Cale, responsável pelos experimentalismos musicais, saiu da
banda, sendo substituído por Doug Yule. Lou Reed torna-se o único líder. No ano
seguinte, o grupo lança o terceiro álbum, o “Velvet Undergroun”, com som mais
acústico e introspectivo.
Lou Reed lançaria ainda como membro do Velvet Underground o
disco “Loaded”. Mais elogiado pela crítica, as músicas “Sweet Jane” e “Rock
& Roll”, uma das mais conhecidas da banda, seguiam um som já mais aceito
nos padrões do mercado. Em seguida, Reed saiu da banda, e deixou também sua
cidade natal. Mudou-se para a Inglaterra. Entretanto, a vida boêmia e as
experiências vividas em Nova York influenciariam para sempre sua carreira.
Lou Reed parte para uma carreira solo de sucesso, lançando
mais de 20 álbuns com canções de sucesso como Perfect Day e Walk on The Wild
Side. A década de 70 marcaria seus trabalhos mais famosos!
Em Londres, Reed gravou seu primeiro disco solo, em 1972.
Ainda marcado pela influência dos tempos do Velvet Underguround, o disco não obteve
grande sucesso. No mesmo ano, lança de seu segundo disco solo, “Transformer”.
Produzido por David Bowie e o guitarrista Mick Ronson, marcado pelo estilo
andrógino, abraçado por Reed, o disco alcança grande sucesso comercial. Reed
passa a ser reconhecido como artista renomado! Uma das faixas do disco, a
música “Walk on the wild side”, mesmo falando sobre drogas, transexuais,
prostituição masculina e sexo oral, foi tocada nas rádios da época.
Entretanto, uma discussão com David Bowie encerrou a
parceria. Reed voltaria-se cada vez mais para o lado mais sóbrio da indústria
musical, pautando sua carreira nessa linha ao longo das décadas de 70 e 80. A
reconciliação com Bowie aconteceu a seguir, mas Lou Reed e Bowie só voltariam a
trabalhar juntos em 1997, no show de 50 anos do Camaleão britânico no Madison
Square Garden, em Nova York, e em estúdio, somente em 2003, para a gravação do
álbum “The Raven”.
Em 1973, Reed lançaria “Berlin”, um dos discos mais
conceituados de sua carreira solo, marcado por composições depressivas. A
partir de 1974, sua carreira tornaria-se mais irregular.
A década de 80 foi produtiva na carreira de Reed. O cantor
lança seis discos solos, entretanto, o período não foi marcado por seus
trabalhos mais aclamados pela crítica, apesar de ter alguns trabalhos
reconhecidos, como os discos “New Sensations”, de 1984 e “New York”, de 1989.
Em 1980, Lou Reed casou-se com a designer Sylvia Myrales, dedicando a ela
várias músicas em seus discos.
Na carreira de Lou Reed, a década de 90, em termos de produção
de novos discos, pode ser reconhecida como não muito criativa. Parte de seu
trabalho, dedicado a amigos mortos, teve fraca aceitação pela crítica. Em 1993,
Lou Reed voltou a se encontrar com os ex-companheiros de Velvet Underground,
quando reuniram-se para gravar um disco ao vivo. No final da década, Lou Reed
casou-se com a artista Laurie Anderson, com quem permaneceu junto até sua
morte, em 2013.
Os anos 2000 a 2013 foram mais produtivos do que os dos anos
90 na carreira de Lou Reed. Laurie Anderson, a esposa de Reed, tem participação
em discos lançados por ele. Turnês, parcerias e participações marcaram o
trabalho do artista no período.
Em novembro de 2011, Lou Reed lançou o disco Lulu, uma
parceria com o Metallica. Em turnê pela Europa em 2012, From VU to LULU, Reed
fez uma retrospectiva, relembrando a trajetória do início de sua carreira até a
gravação com o Metallica.
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