quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Polêmica: John Lennon, o novo “Anti-Cristo”?
Era o dia 4 de março de 1966. John Lennon viveria a mais polêmica das
situações de sua vida. Famoso por suas frases e por sua irreverência, ao
conceder uma entrevista à jornalista Maureen Cleave, do London Evening
Standard, as declarações de John Lennon acerca do Cristianismo, levantaram
muita polêmica.
John disse: “O cristianismo vai desaparecer e encolher. Eu não preciso
discutir isso, eu estou certo e vou provar. (...) Nós, Beatles, somos mais
populares do que Jesus neste momento. Não sei qual vai desaparecer primeiro – o
rock and roll ou o Cristianismo. Cristo não era mau, mas os seus discípulos
eram obtusos e vulgares. É a distorção deles, que estraga o Cristianismo para
mim.”
A frase “somos mais populares que Jesus Cristo” repercutiu no mundo todo,
recebendo ataques de religiosos e ameaças de grupos fanáticos de tentar matar os
componentes da banda do lado de fora dos shows.
Nos EUA, a publicação da entrevista de Lennon e a repercussão de suas
declarações foram bombásticas. No dia 29 de julho do mesmo ano, uma revista americana
para adolescentes, daria grande ênfase e destaque à declaração em que John
compara a popularidade dos Beatles à de Jesus Cristo. A entrevista causou uma
polêmica enorme.
A Revista Flama, edição nº 963, de 19 de agosto de 1966, abre
a matéria intitulada: John Lennon como o “Anti-Cristo”? E nos dizeres da
revista, a frase de Lennon, foi “A mais infeliz frase do século”, iniciando uma
verdadeira cruzada anti-Beatles e anti-rock.
O cinturão bíblico norte-americano reagiu queimando os álbuns dos Beatles
em praça pública. Várias estações de rádio deixaram de tocar as canções da
banda.
Em 18 de agosto do mesmo ano, John Lennon em uma conferência à imprensa
em Chicago, pediu desculpas publicamente, alegando ter sido mal interpretado. E
declarou: “Se tivesse dito que a televisão era mais popular do que Jesus, que
seria a mesma coisa, não faria tanto barulho e ninguém teria ligado. (...) Não
sou anti-Deus, nem anti-Cristo, nem anti-religião. (...) Não estou dizendo que
sejamos melhores ou maiores, ou a comparar-nos a Jesus Cristo, como pessoa ou
Deus, ou seja o que for. Disse o que disse, e estava errado – ou fui interpretado
erroneamente”.
John Lennon adquiriu a fama de ateu devido às suas declarações e às
letras polêmicas de suas canções na carreira solo. Numa entrevista, John
declarou que tem uma visão diferente de Deus: “Sim eu acredito que Deus é como
uma usina de força, que Ele é um poder supremo, que não é nem bom nem ruim, nem
de direita nem de esquerda, nem branco nem preto. Ele simplesmente É.”
Em 2008, passados 42 anos de suas afirmações, John Lennon foi perdoado
pelo Papa Bento XVI.
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