Em meio a um forte temporal, na madrugada do dia 19 de
outubro de 1913, na cidade do Rio de Janeiro, nascia aquele que marcaria para
sempre a música brasileira e a quem Tom Jobim atribuiria a alcunha de “poetinha”.
Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes, conhecido como Vinícius de Moraes, de
ascendência nobre e de dotes artísticos, ao longo de sua vida, foi diplomata,
dramaturgo, jornalista, poeta, essencialmente lírico, notabilizado por seus
sonetos e compositor brasileiro.
Na madrugada do dia 9 de julho de 1980, o “poetinha”
calou-se. Encontrado pela empregada, na
banheira da casa em que morava, na Gávea, no Rio de janeiro, com dificuldade
para respirar, socorrido por Toquinho e sua última esposa, Gilda Mattoso, veio
a falecer pouco depois, de edema pulmonar.
Conhecido como um boêmio inveterado, um fumante e apreciador de
uísque, carregava também a fama de grande conquistador, chegou a casar-se nove
vezes. Vinícius deixou uma grande obra na literatura, no teatro, no cinema e na
música. Ao longo de sua carreira musical, fez parcerias, com grandes nomes no
cenário da música como Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico
Buarque e Carlos Lyra.
Aos 7 anos de idade, em 1920, Vinícius de Moraes foi batizado
na Maçonaria por disposição de seu avô materno, cerimônia que lhe causou grande
impressão.
Aos 16 anos entrou para a Faculdade de Direito do Catete,
período em que manteve vínculos de amizade com pessoas ligadas à boemia,
“prática” que seria incorporada à sua forma de viver até o final de sua vida.
Em 1933, concluiu o curso e, neste mesmo ano, publica seu primeiro livro “O
caminho para a distância”.
Em 1936, ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar
língua e literatura na Universidade de Oxford. Entretanto, em face da Segunda
Guerra Mundial, não chega a concluir os estudos, e retorna ao Brasil, indo viver
em São Paulo, onde fez amigos influentes na esfera cultural, como
Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade. Casou-se pela
primeira vez.
Vinícius atuou como jornalista,
cronista e crítico de cinema e, em 1943, ingressou na carreira diplomática,
onde viajou por países da Europa e da América. No final de 1968, período em que o Brasil
passava pela ditadura militar, Vinícius de Moraes, após 26 anos de serviços
prestados ao MRE, foi aposentado compulsoriamente da carreira diplomática pelo
Ato Institucional nº 5, sob a alegação de que seu comportamento boêmio não
permitia cumprir suas funções, o que magoou-o profundamente.
Sua reabilitação ao corpo
diplomático brasileiro só ocorreria trinta anos post-mortem, em 1998. Em
cerimônia no Palácio do Itamaraty, a Câmara dos Deputados brasileira aprovou a
promoção póstuma do poeta ao cargo de “ministro de primeira classe” do
Ministério dos Negócios Estrangeiros (cargo equivalente ao de embaixador, o
mais alto da carreira diplomática).
Vinícius abandonou a carreira diplomática
e se tornou músico. Compôs diversas letras, deixando um vasto material no
cenário musical. Viajou muito em excursões, época em que viveu intensamente a
boemia e casou-se várias vezes.
Em meados da década de 50, a
carreira musical de Vinícius de Moraes começou a deslanchar, quando conheceu
Tom Jobim (um de seus grandes parceiros). E o ano de 1958 marcaria o início de
um dos movimentos mais importantes da música brasileira, a Bossa Nova, e Vinícius é um dos fundadores desse movimento,
juntamente com Tom Jobim e João Gilberto.
Na década de 60, Vinícius de
Moraes viveu o período áureo na MPB, época em que firma parcerias com
compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime. Com um grande
acervo musical, cerca de 60 das composições de sua autoria foram gravadas.
Na década de 1970, a parceria
Vinícius/Toquinho segue uma trajetória de sucesso. A carreira musical de
Vinícius é marcada pela realização de shows, viagens pelo Brasil e ao exterior,
e o lançamento de discos, contendo músicas de estrondoso sucesso. Em
espetacular apresentação na casa de espetáculo carioca Canecão, em show que
relembrava a trajetória do poeta, Vinícius, seu parceiro Tom Jobim, o
violinista Toquinho e a cantora Miúcha, alcançaram enorme sucesso, ficando
quase um ano em cartaz.
No mesmo ano, Vinícius, Toquinho e
a cantora Maria Creuza realizam um marcante concerto em Mar del Plata, na
Argentina. Com repertório refinado e show encerrado com a música “Se todos
fossem iguais a você”, a apresentação resultaria num LP ao vivo, Vinicius em La
Fusa, uma das raridades da música brasileira.
Em 1971 Vinícius volta a Fusa para
gravar novo LP ao vivo, agora com Toquinho e a cantora Maria Bethânia. Os anos
que se seguiram foram marcados pelo lançamento de outros grandes sucessos e
parcerias.
Em 9 julho de 1980, a genialidade
do “poetinha” calou-se. Após ter passado o dia anterior com o parceiro e amigo
Toquinho, planejando os últimos detalhes do volume 2 do LP “Arca de Noé”, Vinícius sentiu-se mal e veio
a falecer. O disco foi lançado em 1981.
Mesmo após a morte de Vinícius de
Moraes, a enorme contribuição literária e musical por ele legada, é prestigiada
e relembrada. Suas músicas eternizadas e o “poetinha” lembrado, por ter exaltado
em suas canções as mulheres, a beleza e os amores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário