sábado, 19 de outubro de 2013

Cem Anos do “poetinha” Vinícius de Moraes



Em meio a um forte temporal, na madrugada do dia 19 de outubro de 1913, na cidade do Rio de Janeiro, nascia aquele que marcaria para sempre a música brasileira e a quem Tom Jobim atribuiria a alcunha de “poetinha”. Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes, conhecido como Vinícius de Moraes, de ascendência nobre e de dotes artísticos, ao longo de sua vida, foi diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta, essencialmente lírico, notabilizado por seus sonetos e compositor brasileiro.
Na madrugada do dia 9 de julho de 1980, o “poetinha” calou-se.  Encontrado pela empregada, na banheira da casa em que morava, na Gávea, no Rio de janeiro, com dificuldade para respirar, socorrido por Toquinho e sua última esposa, Gilda Mattoso, veio a falecer pouco depois, de edema pulmonar.
Conhecido como um boêmio inveterado, um fumante e apreciador de uísque, carregava também a fama de grande conquistador, chegou a casar-se nove vezes. Vinícius deixou uma grande obra na literatura, no teatro, no cinema e na música. Ao longo de sua carreira musical, fez parcerias, com grandes nomes no cenário da música como Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.
Aos 7 anos de idade, em 1920, Vinícius de Moraes foi batizado na Maçonaria por disposição de seu avô materno, cerimônia que lhe causou grande impressão.
Aos 16 anos entrou para a Faculdade de Direito do Catete, período em que manteve vínculos de amizade com pessoas ligadas à boemia, “prática” que seria incorporada à sua forma de viver até o final de sua vida. Em 1933, concluiu o curso e, neste mesmo ano, publica seu primeiro livro “O caminho para a distância”.
Em 1936, ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura na Universidade de Oxford. Entretanto, em face da Segunda Guerra Mundial, não chega a concluir os estudos, e retorna ao Brasil, indo viver em São Paulo, onde fez amigos influentes na esfera cultural, como Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade. Casou-se pela primeira vez.
Vinícius atuou como jornalista, cronista e crítico de cinema e, em 1943, ingressou na carreira diplomática, onde viajou por países da Europa e da América. No final de 1968, período em que o Brasil passava pela ditadura militar, Vinícius de Moraes, após 26 anos de serviços prestados ao MRE, foi aposentado compulsoriamente da carreira diplomática pelo Ato Institucional nº 5, sob a alegação de que seu comportamento boêmio não permitia cumprir suas funções, o que magoou-o profundamente.
Sua reabilitação ao corpo diplomático brasileiro só ocorreria trinta anos post-mortem, em 1998. Em cerimônia no Palácio do Itamaraty, a Câmara dos Deputados brasileira aprovou a promoção póstuma do poeta ao cargo de “ministro de primeira classe” do Ministério dos Negócios Estrangeiros (cargo equivalente ao de embaixador, o mais alto da carreira diplomática).
Vinícius abandonou a carreira diplomática e se tornou músico. Compôs diversas letras, deixando um vasto material no cenário musical. Viajou muito em excursões, época em que viveu intensamente a boemia e casou-se várias vezes.
Em meados da década de 50, a carreira musical de Vinícius de Moraes começou a deslanchar, quando conheceu Tom Jobim (um de seus grandes parceiros). E o ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos mais importantes da música brasileira, a Bossa Nova, e Vinícius é um dos fundadores desse movimento, juntamente com Tom Jobim e João Gilberto.
Na década de 60, Vinícius de Moraes viveu o período áureo na MPB, época em que firma parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime. Com um grande acervo musical, cerca de 60 das composições de sua autoria foram gravadas.
Na década de 1970, a parceria Vinícius/Toquinho segue uma trajetória de sucesso. A carreira musical de Vinícius é marcada pela realização de shows, viagens pelo Brasil e ao exterior, e o lançamento de discos, contendo músicas de estrondoso sucesso. Em espetacular apresentação na casa de espetáculo carioca Canecão, em show que relembrava a trajetória do poeta, Vinícius, seu parceiro Tom Jobim, o violinista Toquinho e a cantora Miúcha, alcançaram enorme sucesso, ficando quase um ano em cartaz.
No mesmo ano, Vinícius, Toquinho e a cantora Maria Creuza realizam um marcante concerto em Mar del Plata, na Argentina. Com repertório refinado e show encerrado com a música “Se todos fossem iguais a você”, a apresentação resultaria num LP ao vivo, Vinicius em La Fusa, uma das raridades da música brasileira.
Em 1971 Vinícius volta a Fusa para gravar novo LP ao vivo, agora com Toquinho e a cantora Maria Bethânia. Os anos que se seguiram foram marcados pelo lançamento de outros grandes sucessos e parcerias.
Em 9 julho de 1980, a genialidade do “poetinha” calou-se. Após ter passado o dia anterior com o parceiro e amigo Toquinho, planejando os últimos detalhes do volume 2 do LP  “Arca de Noé”, Vinícius sentiu-se mal e veio a falecer. O disco foi lançado em 1981.
Mesmo após a morte de Vinícius de Moraes, a enorme contribuição literária e musical por ele legada, é prestigiada e relembrada. Suas músicas eternizadas e o “poetinha” lembrado, por ter exaltado em suas canções as mulheres, a beleza e os amores.


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